Tuesday, January 31, 2006
wishing for happy rainy days
aos trinta e um dias, depois de discutir a meteorologia, um senhor da tsf expressou o seu desejo para 2006: que o ano não seja uma seca.
it's a crime to fall in love*
meio dostoievski, que o afecto, mesmo (porque) culpado de cumplicidade, não merece castigo.
*magnetic fields
Monday, January 30, 2006
Sunday, January 29, 2006
Saturday, January 28, 2006
este blogue apoia a liberdade de expressão
there's also a provocative winner two comment boxes below.
Friday, January 27, 2006
Thursday, January 26, 2006
faz de conta que está aqui um título
asclépio era tão hipocondríaco que na farmácia se despedia sempre com um «até amanhã».
Tuesday, January 24, 2006
o futuro é amanhã
na próxima sessão do «é a cultura, estúpido!» discute-se o futuro das relações afectivas. se as relações sem futuro também fizerem parte do programa, eu vou.
Wednesday, January 18, 2006
Tuesday, January 17, 2006
previsão do estado do tempo
olhar geralmente muito nublado, períodos de chuva fraca passando a aguaceiros, suspiros fortes, pequena descida da temperatura mínima nas extremidades dos membros, neblina matinal sonolenta.
never tell the one you love that you do*
nunca digas gosto de ti, gosto de como a tua mão e depois a outra fazem o verão no meu corpo, gosto das coisas que existem porque mas mostraste, das que doem imensas e apequenas até desaparecerem saradas, gosto da tua voz nos intervalos dos ruídos do telemóvel e a única que oiço sobre as alheias, anónimas, das mesas em volta, gosto dos gestos atentos, dos imprevistos e dos sem medida, gosto de te escrever com mais adjectivos do que a literatura aprecia, gosto dos teus caracteres e da memória do telemóvel 97% cheia, gosto do «bom dia» às 8h05 - e, espanto, há dias bons a essa hora -, gosto dos beijos escritos, descritos, ditos, dados, dançados, obrigatórios, inevitáveis, necessários, por dar. nunca digas[.] gosto de ti.
Monday, January 16, 2006
una sera in italia
marquei um encontro no meio de lisboa com s., que está em parma. falei durante três páginas, um café e três cigarros. passei a língua na boca do envelope, selei-o e escondi-o no correio internacional. depois apanhei o autocarro para casa.
Sunday, January 15, 2006
faith (by the church)
«you are a clever woman,» said mr. emerson. «you have done more than all the relics in the world. i am not of your creed, but i do believe in those who make their fellow-creatures happy. there is no scheme of the universe...»
edward morgan forster, a room with a view
Friday, January 13, 2006
crusoe à espera do fim-de-semana
just when i thought i couldn't stand it
another minute longer, friday came.
elizabeth bishop, «crusoe in england», geography iii
another minute longer, friday came.
elizabeth bishop, «crusoe in england», geography iii
Thursday, January 12, 2006
Wednesday, January 11, 2006
arrepio
eu devia ter desconfiado quando cheguei e ele me sentou na cadeira. temos de falar, o que é que vamos fazer?, disse.
olhou-me nos olhos dentro do espelho onde eu cabia toda. os ténis velhos, as calças de cauda rasgada pelos passos arrastados, a camisola muito preta e tanto que eu gosto de me repetir. na cara os olhos escuros, muito sono porque pouco e mal passado, como um bife de vaca.
sorriu-me como se soubesse que não era ali que eu queria mesmo estar. mexeu-me no cabelo, num gesto sem intimidade. despenteou-me um bocadinho, com as mãos sábias, enquanto me avaliava o relevo das bochechas e o arrebitar das orelhas, me media a testa descoberta e a boca a poupar sorrisos.
depois decidiu: vamos cortar. cortar mesmo. vais sentir-te bem, melhor. concordei. deixei-me nas mãos dele.
nas mãos, nas tesouras e nos pentes. quando falou em cristas para sair à noite, não liguei, mas hoje aprendi o que é isso de «arrepiar cabelo».
olhou-me nos olhos dentro do espelho onde eu cabia toda. os ténis velhos, as calças de cauda rasgada pelos passos arrastados, a camisola muito preta e tanto que eu gosto de me repetir. na cara os olhos escuros, muito sono porque pouco e mal passado, como um bife de vaca.
sorriu-me como se soubesse que não era ali que eu queria mesmo estar. mexeu-me no cabelo, num gesto sem intimidade. despenteou-me um bocadinho, com as mãos sábias, enquanto me avaliava o relevo das bochechas e o arrebitar das orelhas, me media a testa descoberta e a boca a poupar sorrisos.
depois decidiu: vamos cortar. cortar mesmo. vais sentir-te bem, melhor. concordei. deixei-me nas mãos dele.
nas mãos, nas tesouras e nos pentes. quando falou em cristas para sair à noite, não liguei, mas hoje aprendi o que é isso de «arrepiar cabelo».
causas-efeito
às 8h queria não ter saído de casa por não ter cortado o cabelo, às 20h já não queria sair de casa por ter cortado o cabelo.
Tuesday, January 10, 2006
Monday, January 09, 2006
bulhosa de entrecampos, 19h
ele apareceu entre o ensaio, o teatro e a poesia. um livro nas mãos que vi nervosas, inquietas, como vazias, e diz acelerado que até tem as mãos... as mãos... as mãos..., para as quais não tem adjectivo. depois contou, por causa dele a terra tremeu, por ela o ter abandonado, a namorada, a terra tremeu. a terra ressentiu-se com o que a susana catarina me fez, soprou. desapareceu-lhe o corpo e depois a voz, ao rapaz de riscas azuis e brancas, sozinho, a quem o mundo inteiro, agora infeliz, tremeu.
bulhosa de entrecampos, 19h06
virei o nabokov ao contrário e era um crepúsculo chileno. folheei a ana luísa amaral. trouxe o bernardo pinto de almeida para casa. mátria.
Sunday, January 08, 2006
guardar como: in memoriam
era um dia tão sério e triste que o word indicava como incorrectas todas as palavras onde começava um sorriso. um texto muito sublinhado a vermelho.
Friday, January 06, 2006
Thursday, January 05, 2006
eu que me comovo por tudo e por nada #21
beijos e abraços, mãos, mimos e doces, explicação de alemão, frutos e maçãs, pulos de contente, passos sobre a linha amarela à beira do mar de perigos de morte do metro, luta e baile, dois ou três em boas jornadas, atenção, voltas na cama, um cigarro e lume, prazer, os bons-dias, -me e dvds.
dar
Sunday, January 01, 2006
late post
eu faria um post sobre o meu 2005, se fosse dos que contam a vida em anos e a resumem em posts, se soubesse tudo o que me fez o ano e eu fiz com ele, se não começasse a ficar hesitante ao fim das primeiras seis linhas de rascunho.
duplamente bom
feel no shame for what you are
as you now are in your blood
fall in light
grow in light
stand absolved behind your electric chair, dancing
past the sound within the sound
past the voice within the voice
leave your office
run past your funeral
leave your home, car
leave your pulpit
join us in the streets where we don’t belong*
*recortes de «new year's prayer», de jeff buckley