Wednesday, May 03, 2006

parklife

no meio da cidade, as árvores são de um verde-carregado de folhas e aves escondidas. deitado num banco sombrio, abriga-se um homem sem casa.
um cão cheira com interesse largos centímetros de relva despenteada até se distrair com os pombos e os pássaros que pousam no chão fresco em volta da pequena fonte.
quatro ou cinco velhos de calças grisalhas jogam dominó, deitam um olho às peças alheias e outro às pernas veraneantes fora de saias rodadas como aparas de lápis, e perdem à vez.
as crianças vão e vêm no ranger dos baloiços, pernas alegremente infantis para trás e para diante, e os pais, sentados nos bancos compridos como os das igrejas, esperam, de olhar previdente, que elas cheguem longe. noutros bancos, há jornais de outras línguas estendidos dentro de braços abertos ao sol.
pela alameda, um casal volta a casa conduzindo a infância e a velhice ─ parentes só afastados por décadas ─ ele empurra a cadeira de rodas do avô, ela o carrinho de bebé do neto.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home