a portuguesa
nos dias mais frios, ainda de inverno, via-a na saída da estação de metro de entrecampos. estava sentada nos degraus varridos por pés apressados. era velha e estava embrulhada num xaile que de certeza não a aquecia. tinha o cabelo preso num lenço e vendia gorros. apetecia-me dizer que também vendia cachecóis, mas não me lembro. como se não pudesse olhar com mais atenção sem intenção de comprar ou sem lhe deixar uma moeda comovida. um dia reparei nuns pedaços de cartão. um agradecia «bem haja». outro informava «sou portuguesa». outro esclarecia «não sou cigana».
1 Comments:
Infelizmente, nos tempos que correm, o racismo e a xenofobia voltam a inculcar-se na nossa sociedade.
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