I'm blessed for I've been shitted on
Dizem - as pessoas que dizem coisas - que dá sorte. Eu estava sentada ao lado de um exemplar do George R. R. Martin, volume x de uma daquelas séries intermináveis, atenta nas últimas páginas do meu The Gathering (o Liam está morto no início) - e se as últimas páginas são importantes num livro!, tanto como as primeiras e as entre -, depois de uma longa viagem de meses para ler uns magros doze euros de livro de bolso - há pessoas que gostam de ler e, mais por defeito que por virtudes da vida, se demoram tanto no que querem como no que não querem fazer -, estava atentíssima nos últimos parágrafos, metida só comigo e aquelas personagens, a querer saber mais delas do que de mim, até ao que me pareceu a sincronia dum bater de asas (quão poética nojeira), o «merda» que o George R. R. Martin cuspiu e o jacto que me caiu nas calças.
Na visita rápida e imunda à casa de banho mais próxima - lembro-me do Trainspotting -, limpei a roupa como pude, à saída ameacei chorar de vergonha e cinco degraus depois ainda ri um bocado, corrosivamente, como convinha, só de não ter motivos para isso. Talvez a sorte venha por oposição. Depois da tempestade, a bonança.
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