post de aniversário
para a m.
a m. é das minhas melhores memórias do 26-c da avenida de berna.
m. às 8h a engolir o sono e meia pepsi antes das frequências de latim que duravam a manhã inteira. m. a rir-se de mim quando me descobriu entretida com o alfabeto grego nas margens dos apontamentos mais aborrecidos como quem faz desenhos: «ainda fazes isso?», disse, com o cansaço de quem levava dois semestres de avanço. agora gaguejo o alfabeto, mas escrevo a sua morada sem pestanejar. m. a fazer-me perguntas de vinte valores e eu aflita para não chumbar, a passar com distinção o exame de confiança, sem que o fosse. m. sem cuidados a dizer-me «és muito poética», e como num balão de bd o cesário exclamava por trás de mim «se eu não morresse nunca! e eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas!»
«sabes quem é que me lembras? a sofia da aparição», disse-me. recordo-a do lado perigoso da linha amarela do metro, das noites de vinho e confissões, e do homem que num texto escondeu debaixo dos bancos cor-de-laranja de um autocarro.
a m. não sabe a minha vida de todos os dias, não vai tomar café comigo, nem sequer vamos ao cinema. visito-a em cartas sem resposta necessária. conhece-me de longe, de há anos, conhece-me feia e frágil, as feridas e as cicatrizes, as fracturas expostas, e os sinais falsos de beleza, pintados a lápis na face esquerda.
m. às 8h a engolir o sono e meia pepsi antes das frequências de latim que duravam a manhã inteira. m. a rir-se de mim quando me descobriu entretida com o alfabeto grego nas margens dos apontamentos mais aborrecidos como quem faz desenhos: «ainda fazes isso?», disse, com o cansaço de quem levava dois semestres de avanço. agora gaguejo o alfabeto, mas escrevo a sua morada sem pestanejar. m. a fazer-me perguntas de vinte valores e eu aflita para não chumbar, a passar com distinção o exame de confiança, sem que o fosse. m. sem cuidados a dizer-me «és muito poética», e como num balão de bd o cesário exclamava por trás de mim «se eu não morresse nunca! e eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das coisas!»
«sabes quem é que me lembras? a sofia da aparição», disse-me. recordo-a do lado perigoso da linha amarela do metro, das noites de vinho e confissões, e do homem que num texto escondeu debaixo dos bancos cor-de-laranja de um autocarro.
a m. não sabe a minha vida de todos os dias, não vai tomar café comigo, nem sequer vamos ao cinema. visito-a em cartas sem resposta necessária. conhece-me de longe, de há anos, conhece-me feia e frágil, as feridas e as cicatrizes, as fracturas expostas, e os sinais falsos de beleza, pintados a lápis na face esquerda.
não a vejo há anos e, lúcida cidadã do atlântico, é a minha resposta quando me perguntam (as coisas que as pessoas perguntam) quem me conhece melhor.
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