Sunday, February 24, 2008

Gaivota em terra

Estava ao Saldanha, numa esquina espanejada pelo vento (varrida seria fácil e o vento não soprava tão forte que arrastasse até ao Marquês as palavras sussurradas ao Duque).
À distância, vi que, franzina de fome, vestia em camadas a roupa que já não cabia na mochila, volumosa de bens poucos e todos importantes.
Quando passei, pediu-me um cigarro ou uma moeda, não me lembro porque não dei.
Deixou a mão esquerda caída à espera do próximo transeunte e na mão direita agitava, antes de beber com moderação, uma garrafa de álcool. Etílico.

Saturday, February 23, 2008

Black vs White

A rivalidade só é aceite, porque é a regra, no tabuleiro de xadrez (e campos de batalha afins). Mas eu bem ouvi, durante o relato do Nürnberg-Benfica, o comentador querer dizer «a coisa está preta» e conter-se sempre que o Makukula jogava e perdia a bola.

Eu sou eu mesmo a minha pátria*

«He did have beautiful Irish. The language was a romantic place, for him, and it is the place where I love him, even now.»
Anne Enright, The Gathering, Vintage, Londres, 2007

*Jorge de Sena, «Em Creta, com o Minotauro»

Friday, February 15, 2008

Those mp3 days are over

José Miguel Silva e Manuel de Freitas, Walkmen, & etc, Lisboa, 2007


Hetero-retrato (#2?)

«Tu gostas é de magazines culturais.»


Wednesday, February 06, 2008

Nothing's quiet on the western front

Obrigada aos que vêm e voltam sem que haja nada de novo.

Friday, February 01, 2008

Há dias assim

Os pássaros cheios de estilo, na vanguarda da Primavera-Verão, cantam num tom azul-marinho, levanta-se o Carmo e a Trindade, viaja-se no lugar do pendura num não-Chevrolet pelo eixo Norte-Sul, o caixote do lixo na esquina diz «Trav. Amor» e, como um x, marca o lugar, há pão e sumo de laranja sobre a mesa, destroem-se dois ou três lugares-comuns e ao deitar os corpos arrumam-se como colheres (cortesia de Amos Oz).

The end

«Agora levanta-te e vai procurar,
levanta-te com ligeireza e calma e vai procurar o que perdeste.»


O Mesmo Mar, Amos Oz